quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Sete Pecados

Vaidade

Corre Narciso por bosques e flores
Olha pra si como a um Deus
Pula Narciso, esquece do mundo as dores.

Anda Narciso, pra junto dos teus...
Soberbos... Orgulhosos... Lixos...
Olham para os pobres e "Adeus..."

Tratam os fracos como bichos...
Olham teus umbigos e nada mais.
E ao teu ego que, ao cita-lo, incho.

Para Narciso, olha teu Eu no cais...
Vês, teu reflexo imundo??
Tua imagem não impressiona mais.

Pensas que sois o centro do mundo...
Teu orgulho será tua perdição.
E no poço da vaidade cairás mais fundo.

Esta corrompido teu coração.

*

Inveja

Anda na espreita, a observar
Queres mas não tens coragem
A coragem para batalhar e conquistar.

Ao caminhar, vem a mente imagens
De outros que lutaram e venceram
Vives num mundo de miragens

E esqueces que os tem o que mereceram.
Tu, criatura da noite só,
Nada mereces do que te deram.

Das cinzas as cinzas, do pó ao pó.
Caminharás pelo vale da morte,
Sem desatares o teu próprio nó.

E a todos que tu invejas a sorte,
Nada poderás fazer...
Rumarás sozinho ao norte...

E verás quem não teve medo, vencer.

*


Ira

E no Inferno, um dos sete se levanta
Grita, blasfema, agride e sai.
Ele deseja uma alma santa.

Quer sozinho tudo o que a todos atrai.
Súbito encontra sua presa.
E em seu coração um sorriso se extrai.

Ataca com admirável proeza.
E neste corpo o mal se faz.
Agora, busca uma doce princesa.

Para a tua fome sagaz.
Quer o seu sangue, sua alma, sua carne.
Mas esta moça, cheia de amor e paz

Do corpo inocente, o desencarne...
Foge a besta, frente ao querubim.
Um anjo vivo, feito de carne...

Deu ao demônio da Ira, seu triste fim.

*

Preguiça

E na escuridão da ignorância,
Dorme Belphegor, monstro do lamento
Do ócio inexpressivo, da negligência.

Não se levanta, em nenhum momento
Vive sozinho, a se lamentar
Seu ócio inexpressivo é seu lamento.

Não quer vencer, não quer lutar
Não ama, não sorri, não vive.
Tudo que deseja é se entregar.

Em um mundo vazio, sobrevive...
Sem fé, sem esperança, sem ação.
Pena desta alma?? Tive...

Só, entrega ao pecado seu coração.
Ao poço vazio da existência,
Lança-se sem esperar doce mão.

E lá, folgado, espera tua penitência.

*

Avareza


Ela deseja o que não pode ter
Em tua torre, guarda tudo que tem.
Mas quer mais, sem nunca se conter.

Coração negro, tudo deseja e nada vem.
Abençoas Mammon, da ganância, o amaldiçoado.
Tudo quer e a tudo fica sem.

E como todo pecador, não abençoado,
Renegas a Deus por teu bem material.
Não percebes que assim não será perdoado.

Não sabes o limite entre o bem e o mal.
Constrói palácio, muralhas e portão.
Impedes a entrada de todos em seu luxuoso hall.

E tua riqueza, maldita como seu coração
Ao mar de mortos de Hades os enviará...
Levarão tu e teu mestre, a eterna escuridão.

E para lá, nada que guardas aqui, levará...

*

Gula


Devorador de almas, desgraçado...
Tens fome de tudo e nada lhe satisfaz.
Tens um coração amaldiçoado.

Sempre desejas mais e mais...
Insaciável em sua fome de horror...
Jamais anseia pela paz.

Não precisa de amor...
Nada o dá felicidade...
Que não seja o sentimento de pavor.

Sente fome por maldade...
O medo lhe dá prazer...
Tua fonte é a crueldade.

Por tua Gula, Belzebu, vais perecer...
E na chamas do inferno, queiras.
Jamais verás o sol nascer...

Na escuridão das ignorâncias, jazerás.

*

Luxúria

A carne... sedenta de calor...
Fogo... queima... explode... arde...
Toca-se... com fome... ardor...

Não se prive... não se guarde...
Cede... se permite... se entrega...
E devora... come... cospe... morde...

O corpo... lívido... se esfrega...
A ansia... o desejo... o fogo...
E a mente... se perde... esvai... desintegra...

O calor... o querer... o rogo...
Geme... sussurra... grita...
O extase... sublime... mágico... longo...

Queimando... suplica... nao evita...
Peca... a Luxuria... o prazer...
Blasfema... implora... suplica...

Não quer ver... nem sentir... só quer...

Gabriel Martins

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