quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A Dor do Poeta

No Frio da escura noite...
Caminha o Poeta sem destino...
Entregue a vida e seu cruel açoite...

No peito o coração de menino...
Sofre pela perda e pela solidão...
Ao longe, houve-se um sino...

Anda o Poeta, rumo ao som em vão...
Entra... senta... chora... grita...
O eco, na abóbada, reverbera como um trovão...

Ao longe... as imagens ele fita...
São de dor... de sacrifício... de fé...
Algo em seu peito de agita...

Levanta... anda... a pé ante pé...
Ele cai... roga... clama... ora...
Espera curar a dor pela fé...

E ele reza... e chora...
A dor... torna-se delirante...
Onde está Deus agora?

Louco... o Poeta sai... vacilante...
Foge da capela... sobre a luz do luar...
Cego... chora lágrimas lascinantes...

E corre...sem ver... sem ouvir... sem amar...
A cada passo... a cada curva... a cada rua...
Seu tolo coração... do passado... o faz lembrar...

Dos beijos ao vigiar da Lua...
Do negro e do branco ao se entrelaçar...
Do perfume da pele nua...

E vem na lembrança os olhos de Ambar
O sabor dos beijos...
As chamas ardentes de vida na hora de Amar...

E queimam os olhos como num lampejo...
De lágrimas ao perceber...
Que de outro será todo esse desejo...

À beira da uma colina ele pára para ver...
No horizonte... a face de um Anjo... sua Vida...
E os seus pés... milhas de queda até se ver poder...

Ele olha o horizonte... quem chorar por sua partida?
Quem sentirá... de ti... sentirá saudades?
Haverá alguem que lamentará sua ida?

E salta... as lágrimas a cegarem sua visibilidade...
O vento a secar seu rosto marcado...
A vida perde a sua magestade...

É o fim... o Poeta... pela Vida... havia saltado...

Gabriel Martins

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