terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Meu Fim


Alma vazia,
Coração gelado;
Não mais sorria,
E o amor, acabado...

Iludido vivia,
Por meu coração fui enganado;
E agora a vida ria,
Deste tolo fracassado...

Ri, vida desgraçada...
Ri, deste ser miserável,
Que só fez sonhar com a amada...

Que fim terrível levou...
Esta tola alma apaixonada,
Que só se decepcionou...

Gabriel Martins

Decepções


Todo rosto que via,
Recordava-me do seu.
Todo perfume que sentia,
Imaginava ser o teu.
As bocas que beijava,
Não se comparavam a sua.
Todo o amor que encontrava,
Não fizeram eu me esquecer de ti.
Mas... é?
Em algum momento houve reciprocidade?
Não..
Ao contrário...
Você me esqueceu, tão rápido quanto partiu..

Gabriel Martins

O Frio


Este frio está monstruoso
Congelante
Horrendo
Matante
Bom seria estar acompanhado
Cobertos um pelo outro
Trocando carícias suaves e carinhosas
Beijos mornos
Corpos ficando quente
Esquecendo o frio cortante
Abandonando a realidade
Mergulhando no prazer
Se aquecendo mutuamente
Se entregando sem sentido
Extasiados com os gozos da alma
Exausto depois do amor
Descansados com muita paixão
Se aquecendo novamente
Carinhosamente
Mas... que devaneio
Não há companhia
Não há companheira
Só o frio
Absoluto
Que só traz uma amiga
Tão horrenda quanto o frio
Só mesmo a solidão

Gabriel Martins


Sozinhos

Sozinhos...
Estamos sempre sozinhos,
Desde o nosso nascimento.
Alguns acreditam que isso pode mudar,
Encontrar alguém é deixar de ser sózinho...
Eu sou uma dessas pessoas!
Mas a pergunta é:
Quando ela virá?
E a mais importante:
Quem será?
Não sei!!!...
Infelizmente não sei...
Mas estarei esperando!
Alguém que me complete,
Alguém que me mude,
Alguém que me faça ver...
As maravilhas da vida,
E também,
Alguém que faça,
Eu não mais
Me sentir
Sozinho...

Gabriel Martins

Despedida


Mil vezes era meu desejo

Arder, nos confins do inferno,

Que viver sem seu beijo.

Vivo um triste inverno

Desde que em minha vida apareceu.

Já não sinto amor externo.

O fogo da vida, em mim, morreu.

Os prazeres carnais já vividos,

E de tudo mais, minha alma esqueceu.

Quem dera nunca tivesses aparecido,

E muito menos, comigo estado.

Quem sabe meu coração não estaria partido,

E não se sentiria estraçalhado,

Nem saberia o que é essa vontade

De ser, desesperadamente, amado.

Hoje, clamo por piedade

Pelos terríveis pensamentos

E desejos tidos, cobertos de maldade.

Deveria ser o amor um sentimento,

Que banhasse e iluminasse todos os corações,

E aniquilasse qualquer mal ou tormento.

Mas quando não mútua as emoções

Este dilacera qualquer coração bom

Restando apenas desilusões,

E vai levando a alma, ao som

De demoníacas trombetas, a morada

Daquele que o mal é o seu dom.

Ali, a alma desconsolada,

Como na Comédia de Dante

Alighieri, lê-se na entrada:

Vai-se por mim a cidade dolente,

vai-se por mim a sempiterna dor,

vai-se por mim entre perdida gente.

Moveu Justiça o meu alto feitor,

Fez-se a divina Potestade, mais

O supremo Saber e o primo amor.

Antes de mim não foi criado mais

Nada senão eterno, e eterno eu duro.

Deixai toda a esperança, ó vós que entrais.”

E assim, o coração – um dia puro –

Sente vontade de ali se enterrar,

Independente de ter, do mundo, todo o ouro

Por que o que deseja não pode comprar,

Pois o amor não se compra, se conquista,

E este, não soube conquistar.

Seguiu todas as pistas:

Em outro se transformou,

E todas as outras riscou da lista.

A um único amor se dedicou,

So pra ela viveu, a todo momento,

Mas nada disto adiantou.

Sua vida se tornou um tormento,

Sem seu amor, ela se tornou vazia,

E chora a alma, num eterno lamento.

Como pode um coração que ardia,

Uma paixão tão avassaladora

Querer antecipar o que um dia

Inevitavelmente aconteceria, a qualquer hora.

Como posso ignorar esta vontade

De me afogar em lagrimas devastadoras,

E expurgar do peito toda essa maldade,

- que me possuiu após a depressão –

que não deixou lugar para sentir a bondade.

O amor que senti, pareci obsessão.

Tão obsesso, por esse amor fiquei

Que não distinguia o correto do não.

Tão ciente estou de que pequei

Que desta vida decidi desertar,

Só assim serei punido, pelo mal que apliquei.

Dos círculos do Inferno já sei meu lugar:

No 7° Circulo, Giro Segundo,

Pelo suicídio, lá devo vagar,

Por ter sido fraco, tolo e mal, neste mundo.

Sofrerei – bem sei – bem menos que já he sofrido

Cá, onde so fiz, amar profundo.

E se acaso verterem lagrimas por ter-me ido,

So rogo que não vos seja lembrado

Como o tolo que amor, mil vezes, sem ser correspondido.

Mas sim, como o amigo, que ao lado

Dos amigos, sempre esteve presente.

E a estes amou e também foi amado.

E como irmão jamais foi ausente.

Sempre brincando e brigando,

Mas sempre amando este querido ente.

Como filho, esteve sempre tentando

Ajudar, de algum modo,os queridos

Pais, mas nem sempre acertando.

Sinto muito não ter conseguido

Ser tão forte quanto eu parecia,

Mas não suporto mais este coração ferido.

Sei que amores vão e vem todo dia,

Mas já estou tão farto de só errar,

Que não creio que outra vez conseguiria,

Se me decepcionasse de novo, me recuperar.

Nem mesmo fazer arder novamente a chama

Do amor e da esperança, que a desilusão fez apagar.

Agora, sinto que a alma clama

Ao coração um pouco de paz.

E meu coração, que minha alma muito ama,

Tudo que ela pede, ele faz.

(OBS: O poema acima usa como modelo a obra de Dante Alighieri “A Divina Comedia”. E não só o modelo se assemelha a Obra de Dante, como também traz referência deste livro).

Gabriel Martins