Vaidade
Corre Narciso por bosques e flores
Olha pra si como a um Deus
Pula Narciso, esquece do mundo as dores.
Anda Narciso, pra junto dos teus...
Soberbos... Orgulhosos... Lixos...
Olham para os pobres e "Adeus..."
Tratam os fracos como bichos...
Olham teus umbigos e nada mais.
E ao teu ego que, ao cita-lo, incho.
Para Narciso, olha teu Eu no cais...
Vês, teu reflexo imundo??
Tua imagem não impressiona mais.
Pensas que sois o centro do mundo...
Teu orgulho será tua perdição.
E no poço da vaidade cairás mais fundo.
Esta corrompido teu coração.
*
Inveja
Anda na espreita, a observar
Queres mas não tens coragem
A coragem para batalhar e conquistar.
Ao caminhar, vem a mente imagens
De outros que lutaram e venceram
Vives num mundo de miragens
E esqueces que os tem o que mereceram.
Tu, criatura da noite só,
Nada mereces do que te deram.
Das cinzas as cinzas, do pó ao pó.
Caminharás pelo vale da morte,
Sem desatares o teu próprio nó.
E a todos que tu invejas a sorte,
Nada poderás fazer...
Rumarás sozinho ao norte...
E verás quem não teve medo, vencer.
*
Ira
E no Inferno, um dos sete se levanta
Grita, blasfema, agride e sai.
Ele deseja uma alma santa.
Quer sozinho tudo o que a todos atrai.
Súbito encontra sua presa.
E em seu coração um sorriso se extrai.
Ataca com admirável proeza.
E neste corpo o mal se faz.
Agora, busca uma doce princesa.
Para a tua fome sagaz.
Quer o seu sangue, sua alma, sua carne.
Mas esta moça, cheia de amor e paz
Do corpo inocente, o desencarne...
Foge a besta, frente ao querubim.
Um anjo vivo, feito de carne...
Deu ao demônio da Ira, seu triste fim.
*
Preguiça
E na escuridão da ignorância,
Dorme Belphegor, monstro do lamento
Do ócio inexpressivo, da negligência.
Não se levanta, em nenhum momento
Vive sozinho, a se lamentar
Seu ócio inexpressivo é seu lamento.
Não quer vencer, não quer lutar
Não ama, não sorri, não vive.
Tudo que deseja é se entregar.
Em um mundo vazio, sobrevive...
Sem fé, sem esperança, sem ação.
Pena desta alma?? Tive...
Só, entrega ao pecado seu coração.
Ao poço vazio da existência,
Lança-se sem esperar doce mão.
E lá, folgado, espera tua penitência.
*
Avareza
Ela deseja o que não pode ter
Em tua torre, guarda tudo que tem.
Mas quer mais, sem nunca se conter.
Coração negro, tudo deseja e nada vem.
Abençoas Mammon, da ganância, o amaldiçoado.
Tudo quer e a tudo fica sem.
E como todo pecador, não abençoado,
Renegas a Deus por teu bem material.
Não percebes que assim não será perdoado.
Não sabes o limite entre o bem e o mal.
Constrói palácio, muralhas e portão.
Impedes a entrada de todos em seu luxuoso hall.
E tua riqueza, maldita como seu coração
Ao mar de mortos de Hades os enviará...
Levarão tu e teu mestre, a eterna escuridão.
E para lá, nada que guardas aqui, levará...
*
Gula
Devorador de almas, desgraçado...
Tens fome de tudo e nada lhe satisfaz.
Tens um coração amaldiçoado.
Sempre desejas mais e mais...
Insaciável em sua fome de horror...
Jamais anseia pela paz.
Não precisa de amor...
Nada o dá felicidade...
Que não seja o sentimento de pavor.
Sente fome por maldade...
O medo lhe dá prazer...
Tua fonte é a crueldade.
Por tua Gula, Belzebu, vais perecer...
E na chamas do inferno, queiras.
Jamais verás o sol nascer...
Na escuridão das ignorâncias, jazerás.
*
Luxúria
A carne... sedenta de calor...
Fogo... queima... explode... arde...
Toca-se... com fome... ardor...
Não se prive... não se guarde...
Cede... se permite... se entrega...
E devora... come... cospe... morde...
O corpo... lívido... se esfrega...
A ansia... o desejo... o fogo...
E a mente... se perde... esvai... desintegra...
O calor... o querer... o rogo...
Geme... sussurra... grita...
O extase... sublime... mágico... longo...
Queimando... suplica... nao evita...
Peca... a Luxuria... o prazer...
Blasfema... implora... suplica...
Não quer ver... nem sentir... só quer...
Gabriel Martins
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