No Frio da escura noite...
Caminha o Poeta sem destino...
Entregue a vida e seu cruel açoite...
No peito o coração de menino...
Sofre pela perda e pela solidão...
Ao longe, houve-se um sino...
Anda o Poeta, rumo ao som em vão...
Entra... senta... chora... grita...
O eco, na abóbada, reverbera como um trovão...
Ao longe... as imagens ele fita...
São de dor... de sacrifício... de fé...
Algo em seu peito de agita...
Levanta... anda... a pé ante pé...
Ele cai... roga... clama... ora...
Espera curar a dor pela fé...
E ele reza... e chora...
A dor... torna-se delirante...
Onde está Deus agora?
Louco... o Poeta sai... vacilante...
Foge da capela... sobre a luz do luar...
Cego... chora lágrimas lascinantes...
E corre...sem ver... sem ouvir... sem amar...
A cada passo... a cada curva... a cada rua...
Seu tolo coração... do passado... o faz lembrar...
Dos beijos ao vigiar da Lua...
Do negro e do branco ao se entrelaçar...
Do perfume da pele nua...
E vem na lembrança os olhos de Ambar
O sabor dos beijos...
As chamas ardentes de vida na hora de Amar...
E queimam os olhos como num lampejo...
De lágrimas ao perceber...
Que de outro será todo esse desejo...
À beira da uma colina ele pára para ver...
No horizonte... a face de um Anjo... sua Vida...
E os seus pés... milhas de queda até se ver poder...
Ele olha o horizonte... quem chorar por sua partida?
Quem sentirá... de ti... sentirá saudades?
Haverá alguem que lamentará sua ida?
E salta... as lágrimas a cegarem sua visibilidade...
O vento a secar seu rosto marcado...
A vida perde a sua magestade...
É o fim... o Poeta... pela Vida... havia saltado...
Gabriel Martins
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